quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha:



(texto extraido do site http://portaldoprofessor.mec.gov.br)
"Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
(...)
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
(...)
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
(...)
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.


Atividades



  1. Como Pero Vaz de Caminha descreve os nativos que viviam no Brasil?
  2. Esta descrição revela algum preconceito em relação à forma de vida desses nativos? Justifique.
  3. Quais as impressões de Pero Vaz de Caminha acerca das qualidades da nova terra?
  4. Quais as intenções reveladas pelo autor do documento para essa terra?
  5. Interprete a passagem "o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente."


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Pré sal e a cobiça

Esse pré sal, não sei não, mas pode ser a causa de uma guerra que pode vir para a nossa querida América do Sul. Alvo da cobiça estrangeira. Segundo os geógrafos ainda restavam três lugares no planeta ainda inexplorado: a Antártica, a Amazônia e o fundo dos Oceanos. vejam que o Brasil já está conseguindo explorar o terceiro item, a camada do Pré sal que fica em águas brasileiras. O Brasil expulsou a Chevron - empresa Estadudinense que perfurava a camada do Pré sal sem autorização, e que acabou cometendo um acidente ambiental, fazendo vazar no mar o óleo que extraia - mas acontecerá mais incidentes deste tipo - o que se pode chamar de uma pirataria moderna- a pergunta a se fazer é: será que essas megas industrias de energia fóssil também aceitará com passividade sua expulsão, ou acionará ajuda de seus respectivos Estados?
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O universal lutador dos direitos humanos Martin Luther king Jr.





Luther king foi um ativista dos direitos civis dos Estados Unidos da America, pastor, sociólogo e teólogo que liderou campanhas contra a segregação racial que era a apartheid Estadudinense. Influente cidadão que usou de sua crença e filosofia, adotada, de não violência (inspirada por Gandhi) e de amor ao próximo a ponto de dizer a respeito dos opositores inimigos: “eu te amo. Prefiro morrer a odiá-lo. Sou tolo o bastante para crer que, através do poder deste amor, até os homens mais inflexíveis serão transformados...”.
Nascido em Atlanta (Geórgia – EUA) no dia 15 de janeiro de 1929, formado em sociologia (1948), seminarista (1951) e PhD em teologia Sistemática pela Universidade de Boston (1955). Pai de quatro filhos com sua linda esposa, Coretta Scott; Foi levantado pastor da igreja batista de Montgomery (1954, estado da Virgínia), com seu dom de retórica, utilizados em púlpitos das igrejas cristãs batista, aproveitou-se disso para socializar a teoria filosófica cristã de que, todos são iguais perante Deus e o amor como fundamento da lei e da graça, para pratica das mesmas sobre a situação contemporânea.
O período de atuação de king se situa entre as décadas de 50 e 60, tempos estes onde imperava um forte e maligno sistema de segregação racial, discriminação feminina, guerra fria e exploração de mão de obra. Sua atuação publica começou envolvendo-se no incidente em que Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar para um branco num ônibus, na época existia uma lei que, reservava lugares nos transportes públicos exclusivamente para pessoas brancas.
King liderou um forte boicote contra o serviço segregacionista de transporte por ônibus em Montgomery (Alabama): Forma-se o grupo de protesto da comunidade negra, que elege King Jr. como seu líder, e ele decide iniciar um boicote do serviço municipal de transporte público. Seguem-se ações de repressões contra o movimento e seu líder.
Diversas vezes preso, processado e condenado a pagar multas, por não cooptar com as leis racistas. E também sofrendo varias tentativa de assassinato, inclusive, tendo a sua própria casa atacada com uma bomba, reuniu a comunidade e pregou a ação não violenta contra a segregação. Tudo isto deu resultado, pois, um ano após os incidentes a suprema corte dos Estados Unidos julga inconstitucionais as leis de segregação racial nos serviços de transporte publico.
O reverendo se envolverá em outros movimentos de protestos, alias, até o dia de sua morte estará envolvido nas causas em busca de justiça e igualdade. Em ordem cronológica, observa-se os protestos em que King se envolveu, ora como líder ora como apoiador: 1960 o movimento de protesto contra a segregação racial em restaurantes; Abril de 1963 O movimento de protesto político em Birmingham (Alabama): Candidato racista perde a reeleição e se recusa a deixar o cargo, a comunidade negra protesta, king participa do movimento;
 O Presidente Kennedy em 11 de junho de 1963 anuncia a apresentação ao Congresso de uma nova lei sobre direitos civis; A campanha pelo direito de voto dos negros em Selma (Alabama); Participação no movimento contra a guerra do Vietnã (agosto de 1965 a abril de 1967); A Campanha em favor dos Pobres: Lançada por King em dezembro de 1967, visando a uma mais justa distribuição da riqueza e do poder político nos Estados Unidos.
Na marcha em Washington, 28 de agosto: King usa da palavra e pronuncia seu famoso discurso "I have a dream", dizia ele em partes de seu pronunciamento:
- Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos um dia viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter (...). Quando permitirmos que a liberdade ecoe, quando permitirmos que ela ecoe em cada vila e cada aldeia, em cada estado e cada cidade, seremos capazes de avançar rumo ao dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar as mãos e cantar as palavras da velha cantiga negra, Enfim livres! Enfim livres! Graças a Deus Todo-Poderoso, enfim estamos livres! Memphis. King Jr. recebe o Prêmio Nobel da Paz em dezembro de 1964;
Em quatro de abril, numa sacada de um hotel foi assassinado a tiro, quando se preparava para participar de uma manifestação em favor do movimento de greve dos coletores de lixo de Memphis.
A influência da luta de Martin Luther King é atemporal e universal, visto que é símbolo de luta e resistência, não em moldes liberais visto que não aceitava a exploração, nem de direita, pois não aceitava a opressão e por fim também não era de esquerda já que se recusava a usar a violência como instrumento de defesa. Pregava a paz, e se inspirava em Jesus e na luta de Gandhi, que era pacífica e resultou na liberdade da índia em oposição à Inglaterra.

Referencias: